30 de out. de 2010

Ditados Gaúchos

* Quieto no canto como guri cagado
* Mais ligado que rádio de preso
* Mais curto que coice de porco
* Firme que nem prego em polenta
* Mais nojento que mocotó de ontem
* Saracoteando mais que bolacha em boca de véia
* Solto que nem peido em bombacha
* Mais curto que estribo de anão
* Mais pesado que sono de surdo
* Calmo que nem água de poço
* Mais amontoado que uva em cacho
* Mais perdido que cego em tiroteio
* Mais perdido que cachorro em dia de mudança
* Mais perdido do que cusco em procissão
* Mais faceiro que guri de bombacha nova
* Mais assustado que véia em canoa
* Mais angustiado que barata de ponta-cabeça
* Mais por fora que quarto de empregada
* Mais por fora que surdo em bingo
* Mais sofrido que joelho de freira em semana Santa
* Feliz que nem lambari de sanga
* Mais ansioso que anão em comício
* Mais apertado que bombacha de fresco
* Mais apressado que cavalo de carteiro
* Mais arisca do que china que não quer dar
* Mais atirado que alpargata em cancha de bocha
* Mais baixo que vôo de marreca choca
* Mais bonita que laranja de amostra
* De boca aberta que nem burro que comeu urtiga
* Mais chato que gilete caída em chão de banheiro
* Mais caro que argentina nova na zona
* Mais cheio que corvo em carniça de vaca atolada
* Mais constrangido que padre em puteiro
* Mais conhecido que parteira de campanha
* Mais comprido que puteada de gago
* Mais comprido que cuspe de bêbado
* Mais coxuda que leitoa em engorde
* Devagarzito como enterro de viúva rica
* Mais difícil que nadar de poncho
* Mais duro que salame de colônia
* Mais encolhido que tripa na brasa
* Extraviado que nem chinelo de bêbado
* Mais faceiro que mosca em tampa de xarope
* Mais faceiro que ganso novo em taipa de açude
* Mais faceiro que pica-pau em tronqueira
* Mais feliz que puta em dia de pagamento de quartel
* Mais feio que briga de foice no escuro
* Mais feio que sapato de padre
* Mais feio que paraguaio baleado
* Mais feio que indigestão de torresmo
* Mais firme que palanque em banhado
* Mais por fora que cotovelo de caminhoneiro
* Mais gasto que fundilho de tropeiro
* Mais gostoso que beijo de prima
* Mais grosso que dedo destroncado
* Mais grosso que rolha de poço
* Mais grosso que parafuso de patrola
* Mais informado que gerente de funerária
* Mais medroso que cascudo atravessando galinheiro
* Mais nervoso que potro com mosca no ouvido
* Quente que nem frigideira sem cabo
* Mais sério que defunto
* Mais sujo que pau de galinheiro
* Tranqüilo que nem cozinheiro de hospício
* Tranqüilo que nem água de poço
* Bobagem é espirrar na farofa
* Mais gorduroso que telefone de açougueiro
* Mais perdido que cebola em salada de frutas
* Mais feliz que gordo de camiseta
* Mais chato que chinelo de gordo

Fonte: Não Identificada

Receitas Campeiras

ROUPA VELHA

• Tempo de preparo: 1 hora
• Ingredientes l/2 kg de charque 2 colheres de sopa de
óleo 1 cebola média picada 1/2 xícara de farinha de
mandioca tempero verde à vontade manjerona 2 dentes
de alho sal e pimenta a gosto
• Modo de preparar Carne ou charque (se for charque,
deve-se tirar bem o sal). Corte em pedaços, coloque óleo
em uma panela média e acrescente todos os temperos
picados. Refogue-os até que desman chem. Retire do
fogo, coloque a panela em cima de um lugar firme e
com o socador de feijão, ou no pilão, acrescente a
farinha de mandioca e bata com a mão de pilão até
desfiar toda a carne. Depois de fria, conserve em lugar
fresco. Dura mais ou menos 10 dias. Serve de aperitivo,
com café ou chimarrão, ou para a guarnição de pratos
variados.

COLA GAITA

• Para 5 pessoas
• Ingredientes 1/2kg de espinhado de ovelha 1 kg de
aipim 2 cebolas 4 dentes de alho 2 xícaras de farinha
de mandioca 2 pimentas verdes Farinha de mandioca
• Modo de preparar Fritar as chuletas do espinhaço já
salgadas. Picar bem as cebolas e o alho e colocar para
fritar junto ao espinhaço. Se o aipim for muito duro,
cozinhar à parte. Cortar o aipim em pedaços médios e
juntar ao resto, colocando 2 dedos de água quente e a
pimenta picada. Corrigir o sal. Quando o aipim estiver
cozido, colocar mais um pouco de água e ir mexendo
devagar, quando for colocando a farinha de mandioca,
até ficar num ponto médio de pirão.

ESPINHAÇO ENSOPADO COM BATATA

• Para 5 pessoas
• Ingredientes 1 1/2kg de espinhaço de ovelha 1 kg de
batata inglesa 2 cebolas 4 dentes de alho 4 tomates 1
pimenta verde folhas de manjerona
• Modo de preparar Salgar as chuletas do espinhaço e
colocar a fritar. Picar bem a cebola, o alho, os tomates
e a pimenta e juntar às chuletas, depois de bem fritas.
Quando estiver no ponto, colocar as batatas cortadas ao
meio e pôr 2 dedos de água quente. Corrigir o sal,
deixando meio salgadinho (a batata retira muito).

Paixão - Patrono da 56ª Feira do Livro de POA

Foi em clima de muita emoção que ocorreu a abertura da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Em um discurso comovido, o patrono Paixão Côrtes fez o elogio da cultura como elemento plural de integração e diálogo.


— A Cultura é orelhana. Não tem cor de pêlo, nem sinal —definiu, utilizando o linguajar campeiro que foi a tônica de seu dircurso.


O patrono da feira anterior, Carlos Urbim, recuperou em sua fala parte da história familiar de Paixão Côrtes — ambos são nascidos em Santana do Livramento e tem laços de parentesco por parte dos "Ávila do Cerro Chato" como nomeou Urbim.


Ao fim da solenidade, o Patrono e o xerife Júlio La Porta percorreram a praça alternando entre os sons da tradicional sineta de La Porta e uma matraca de madeira brandida por Paixão (o instrumento é tradicional nas festas campeiras do Interior).

17 de out. de 2010

Semana de Aniversário do CTG Glaucus Saraiva

Semana de Aniversário do CTG Glaucus Saraiva

Segunda-feira ,18 de outubro, às 19h30
Abertura das Comemorações pelo Primeiro Patrão Sr. Antocheves
Roda de Chimarrão
Tertúlia Livre com a participação das entidades co-irmãs ( Informações e inscrições com Sra. Simone tel.84721717)

Terça-feira , 19 de outubro , às 20hs
Projeto CTG Núcleo de Fortalecimento Resgate
Evento das Prendas Juvenis Informações 1ª Prenda Juvenil Nicole

Quinta-feira , 21 de outubro, às 20hs
Torneio Aberto de Truco Informações e Inscrições : Sr Pantaleão 98614540

Sexta-feira , 22 de outubro, às 21hs
Encerramento das comemorações
Baile de Aniversário Show Telmo de Lima Freitas
Apresentação das Invernadas Artísticas.

Informações com Patrão Fragoso 98956906Convites: Sr Iltair 32761286

9 de out. de 2010

Lauro Rodrigues

O texto a seguir é de autoria de Paulo Monteiro, sabido do grande volume de palavras e informações que nele contêm eu indico aos amigos(as) que gostam de poesia e cultura que dediquem alguns minutos e o leiam por inteiro.

História
Lauro Rodrigues: pioneiro do MTG contemporâneo

Enquanto a poesia gauchesca uruguaio-argentina é uma transformação da antiga poesia payadoresca oral em obra literária escrita, de conteúdo militar e militante, durante as guerras da independência daqueles países, a gauchesca brasileira, bastante posterior, é uma criação do romantismo. Daí a marca dos clássicos românticos, que fazem parte do cânone literário “culto” sobre os poetas populares sul-rio-grandenses.
Sobre o produtor e apresentador de “Campereadas”, pesam outras duas influências. A primeira delas é dos gauchescos platinos. Não é à toa que ele se refere ao El Viejo Pancho, pseudônimo do espanhol José Alonso y Trelles (1857-1924), que residiu muitos anos no Uruguai, tendo escrito um pequeno volume que foi lido avidamente por uruguaios, brasileiros e argentinos; Paya Brava. A tapera, o umbu, o quero-quero temas explorados pelo El Viejo Pancho, dão título a poemas enfeixados em Minuano. A segunda influência é dos poetas populares sertanejos e do Nordeste brasileiro, máxime Catulo da Paixão Cearense.
Não é à toa que o autor de O Luar do Sertão oferece o seu “cajado” ao poeta de Santo Amaro. “Mulata” e “cabocla”, dois termos para definir tipos femininos, produtos da miscigenação com o europeu, não são muito frequentes entre os gauchescos brasileiros. Para “cabocla” as expressões correspondentes são “china”, “chininha” e “chinoca”, procedentes do português “chim”, mais comum do que o atual “chinês”. Todo aquele indivíduo com olhos amendoados ou meio rasgados era um “chim”. “China”, como hoje chamamos comumente à mulher morena de “negra” e a mulher clara de “gringa” ou “alemoa”, era a forma carinhosa com que o gaúcho se referia à sua índia ou cabocla. Cabocla é o correspondente para os poetas de outros estados à china dos gauchescos.
“Filha do pago”, que consta entre as páginas 42 e 46 de Minuano transpira a poesia sertaneja de Catulo, sem o peso dos regionalismos nordestinos, que encontra correspondência entre alguns poetas rio-grandenses, lançando toneladas de expressões regionais sobre seus poemas. “Cabocla”, que faz parte de Invernada Vazia, é, também, outro poema com idêntica transpiração.
O próprio vocabulário de Lauro Rodrigues contribui para que ele seja diferente dos poetas gauchescos posteriores. Não introduz à força os regionalismos. Emprega sanfona e gaita em lugar de cordeona. Essa moderação vocabular também auxiliou na repercussão dos seus poemas. Os gauchismos, nele, são espontâneos e naturais, numa linguagem confessional, como se abrisse sua alma (psique), sua vida aos leitores.
Outro tema presente na poesia popular, além fronteiras do Rio Grande do Sul, é o da tragédia amorosa provocada pela morte precoce da mulher amada, seja esposa, amante ou namorada. Encontramo-lo nos poemas de Lauro Rodrigues. Dois deles ficaram muito conhecidos: “Sinhá Maria”, de “Minuano”, e “Historieta”, de Invernada Vazia. No primeiro é a jovem namorada que falece; no segundo, é a jovem esposa.
Falei antes em “El Viejo Pancho”. Lauro Rodrigues dedica-lhe todo um poema de Senzala Branca, onde se refere ao Martín Fierro, a grande obra do argentino José Hernández.
Em 1948, passada a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos impunham ao mundo seu dólar e sua cultura. A rebeldia quixotesca dos jovens estudantes do Colégio Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, que culminaria no atual MTG, era uma espécie de contracultura. Em 1957, quando do lançamento do quarto livro do poeta de Santo Amaro, as orquestras americanas eram uma moda avassaladora e rock and roll começava a aparecer. “Um silêncio domina tudo”, e nesse ambiente, “Viejo Pancho, crioulo de outras plagas”, representa “a voz da acordeona – alma campeira! – em contra-ponto à musica estrangeira”. Foi um grito contra a desnacionalização da cultura.
Os nove anos do Movimento Tradicionalista Gaúcho preocupavam o vanguardeiro desse movimento. Os Centros de Tradições Gaúchas espalhavam-se Rio Grande afora. Invernadas campeiras, conservando as práticas laborais dos homens do campo, e invernadas de danças, difundindo as danças típicas do estado, faziam sucesso. Costureiras, modistas e alfaiates fabricavam pilchas (roupas típicas) para homens e mulheres. Discos, livros e cursos difundiam o tradicionalismo. Cursos de danças eram ministrados a peso de dinheiro, “novas danças” eram incorporadas aos repertórios das “invernadas artísticas” dos CTGs…
Como Karl Marx costumava repetir no século XIX, o capitalismo transforma tudo em mercadoria. O gauchismo também virou mercadoria. Contra essa “indústria cultural” levantou-se Lauro Rodrigues, velho leitor de Manuel Maria Barbosa du Bocage. O trocadilho sobre o incêndio dos “panos de trinta e cinco” tanto pode se referir à “Revolução de 35” quanto ao “35 CTG”…
Quando verificamos que, dois anos antes da primeira edição de Senzala Branca, Paixão Côrtes e Barbosa Lessa publicaram Suplemento Musical do Manual de Danças Gaúchas e um ano antes (1956), davam a lume a primeira edição do próprio Manual de danças gaúchas, entendemos o endereço da sátira de Lauro Rodrigues.

Pelegueando

Bueno amigo, acabou-se
o pampa de antigamente!
E por me achar descontente
com o tranco que a vida leva,
aparto um verso maleva
como piá de bodega
e saio muito xobrega
a provocar arruaça,
em meio dessa chalaça
que chamam de tradição…
Venho do fundo do tempo
das bocas que se arrolharam,
quando, sem mais, incendiaram
os panos de “trinta e cinco”,
por isso acho engraçado
olhar os tauras de agora
vestindo bombacha e espora
como mocinha de brinco…
Mas não lhes tiro a valia
pois sempre tem serventia
o rabo, a guampa e o casco,
com que se atiça o braseiro,
traz água para o saleiro
e se borrifa o churrasco…
Lamento que se embicando
p’ra os rumos da pacholice,
por vaidade ou gabolice,
a tradição degenere,
pois, no fervor da arruaça,
vai o pago de raça
viçando p’ras intempéries…
As cantigas do passado
têm novos donos que eu sei…
E os índios enquadrilhados,
num jeito louvaminheiro,
vão repontando mentiras,
como senhores da grei…
Mascates de antigas glórias,
mercadejando as histórias
que o pampa guardou p’ra si,
vão, na ganância do gesto,
passando cincha e cabresto
na altiva Piratini…
São frades sem catecismo,
profetas de um neologismo
na algaravia do drama;
bastardos de uma epopéia
lembram Simão da Judéia
são divindades de lama…
Franciscanos da cultura
sobem do chão para a altura
como os abutres odientos
que singrando as amplidões
vão digerir podridões
nos torvos papos nojentos…
Velha estirpe legendária
que a negra mão mercenária
fantasiou na ribalta,
no garimpo dos “guichets”
e não entendo os “por quês”
da exaltação dessa malta…
E nessa subservência
vai rastejando a querência
de forma tão deprimente
que obriga o estro do vate
a provocar um combate
de protesto permanente…
Em meio aos dias sombrios,
enxovalhada nos brios,
por bailarinos plagiários,
eu creio que a alma pampeana
há de se erguer soberana
ao som de rubras hosanas
p’ra o teto de um relicário!
Se a história é cousa divina
não pode a mão assassina
lhe mutilar a grandeza,
por isso eu entro na liça
pedindo ao Tempo, justiça;
ao Júri, o dom da franqueza…

Em Sensala branca a influência de Castro Alves é marcante, a começar pelo poema que abre o volume. As referências bíblicas, as apóstrofes, todas as figuras de retórica e linguagem características do grande condoreiro baiano. O próprio título é uma referência ao “Poeta dos Escravos”. Lauro Rodrigues pretende a si mesmo exorcizar em versos a “senzala branca”, a escravidão do salariato.
Esse estilo condoreiro continuará em sua última obra editada A Canção das águas prisioneiras, como no poema “A canção do tempo que não virá”. Criação artificial, o tradicionalismo gaúcho, pouco a pouco foi sobrepondo o caricatural ao histórico. E as coisas não poderiam transcorrer de maneira diferente. Cada vez mais a população sul-rio-grandense urbanizou-se. As bases rurais do gauchismo foram abandonadas. O romantismo de gaúchos como Lauro Rodrigues foi perdendo lugar para a pantomima a que se prestam poemas que falam de tiros, facadas e mulheres raptadas, temas esses que se prestam melhor às apresentações circenses nos concursos de declamação.
Os declamadores mambembes, crescidos longe da realidade rural, não encontram dramaticidade num poema, como o intitulado “Tupan”, em que é cantado o amor de um homem por seu cachorro perdigueiro.

Paulo Monteiro, ex-presidente da Academia Passo-Fundense de Letras e membro do Instituto Histórico de Passo Fundo

CAVALGADA DE BÊNÇÃO E INTEGRAÇÃO HOMEM - FÉ - TRADIÇÃO‏



Os Cavaleiros do Mercosul e Sétima Região Tradicionalista juntamente com CTGs, Quadros de Laçadores, Piquetes e Departamentos Tradicionalistas de Passo Fundo, motociclistas, taxistas e Região, convidam para grande celebração em Honra e Glória a

NOSSA SENHORA APARECIDA

CAVALGADA DE BÊNÇÃO E INTEGRAÇÃO

HOMEM - FÉ - TRADIÇÃO

A realizar-se neste próximo dia 12 de Outubro de 2010, TERÇA-FEIRA com a seguinte programação:

07:30 horas Concentração na Gare
08:00 horas Benção em frente a Catedral
10:20 horas Chegada no Santuário de Nossa Senhora Aparecida
12:00 horas Almoço no Santuário
Cavalgada aberta, organização dos cavalarianos (cavalgada pela Avenida) coordenada pelos Cavaleiros do Mercosul.
Os organizadores esclarecem que qualquer pessoa pode acompanhar a cavalgada. Menores a cavalo deverão estar aompanhados por um responsável.

A procissão reune 150.000 romeiros e a segunda em número de fiéis, ficando atras somente do romaria de Aparecida do Norte-SP, em devoção a Nossa Sra Aparecida.

Telef. p/ informações
Carlos Menegol - Comandante - 99745164
Renato Strieder - Secretário - 96278845

7 de out. de 2010

Noel Guarany - 12 anos de sua morte

NOEL GUARANY - NOEL BORGES DO CANTO FABRICIO DA SILVA


Noel Borges do Canto Fabrício da Silva, o Noel Guarany, nasceu no dia 26 de dezembro de 1941, em Bossoroca, então distrito de São Luiz Gonzaga, na região das missões no Rio Grande do Sul e viveu até a adolecência, além de sua terra natal, em Garruchos e São Luiz Gonzaga (Bossoroca emancipou-se em 12/10/1965).
Filho de João Maria Fabrício da Silva e Antoninha Borges do Canto, sua descendência paterna era ligada a José Fabrício da Silva, italiano, que veio de São Paulo e recebeu uma sesmaria de campo na região de Bossoroca, onde se estabeleceu em 1823. Pelo lado materno, descende de Francisco Borges do Canto, irmão de José Borges do Canto, que recebeu várias quadras da sesmaria na região das missões. Francisco nasceu em 1782 e foi estancieiro em São Borja. Os Borges do Canto tiveram grande influência e importância na formação das fronteiras do Rio Grande do Sul, inclusive, José Borges do Canto participou da conquista dos sete povos das missões gaúchas, cuja rendição dos espanhóis ocorreu em 13 de agosto de 1801, capitulação essa endossada por Canto.
Noel, em 1956, com quinze anos de idade, aprendeu tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas três cordas, depois acordeon. Somente mais tarde passou a usar o violão que se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos Aires , depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte de tocar violão e aprendeu muito sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por todos os países do Prata e por estâncias do Rio Grande do Sul tocando, cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional. Nessa época gravou um compacto simples, com as músicas "Romance do Pala Velho" e "Filosofia de Gaudério", acompanhado pelo cantor, compositor e músico missioneiro Cenair Maicá, com o qual se apresentava em festivais na Argentina.
Em 1971 Noel gravou seu primeiro LP, "Legendas Missioneiras", que teve como parceiros os gaúchos Jaime Caetano Braum, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte viajou por vários estados fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1972 casou com Neidi da Silva Machado, missioneira de São Luiz Gonzaga e passou a residir em Porto Alegre , para ficar mais próximo dos meios de divulgação.
Em 1973 gravou o segundo LP, "Destino Missioneiro", e continuou viajando, pesquisando e divulgando a música missioneira.
Em 1975 gravou o LP "Sem Fronteira" e participou da gravação dos discos Música Popular do Sul - volumes 2 e 4, produzido por Marcus Pereira Discos, em São Paulo. Nesse ano também criou em Tramandai, na Avenida Beira Mar, a Penha Guarany, um espaço onde se reuniram expressivos nomes do folclore gaúcho.
Em 1976 gravou o LP independente, com Jaime Caetano Braum, "Payador, Pampa e Guitarra", lançado simultaneamente no Brasil e na Argentina, com participação especial de Raul Barboza e Palermo. Nesse ano iniciou um programa na Rádio Guaíba de Porto Alegre e participou do programa Brasil Grande do Sul, com Jaime Caetano Braum e Flávio Alcaraz Gomes, depois passou para a Rádio Gaúcha, onde produziu e apresentou o programa Tradição e Folclore.
Em 1977 foi relançado o LP "Legendas Missioneiras", com o título de "Canto da Fronteira", mais tarde lançado também em CD. Nesse ano Noel realizou um espetáculo na Assembléia Legislativa para divulgar o LP "Payador, Pampa e Guitarra", com participação de Raulito Barboza, Palermo e Argentino Luna.
Em 1978 lançou o LP "Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto", que marcou época no Rio Grande do Sul, pois resgatou a obra e memória de um dos maiores poetas do regionalismo gaúcho. Esse disco também foi posteriormente lançado em CD.
Em 1979 gravou o LP "De Pulperia", com músicas de Atahualpa Yupanqui, Anibal Sampayo e Mario Milan Medina, reforçando a intenção de promover a integração com a cultura platina.
Em 1980 gravou o LP "Alma, Garra e Melodia", iniciando a parceria com João Sampaio da Silva, que geraria importantes obras e uma grande amizade. Nessa época começou a se manifestar a doença que iria progressivamente lhe tirar todos os movimentos e condená-lo a um calvário (ataxia cerebral degenerativa), que se arrastou por muitos anos, fazendo com que esquecesse as letras das músicas, o que o deixava mais inquieto e amargo. Percebendo que algo de anormal estava lhe acontecendo, passou a beber com mais freqüência.
Em 1982 lançou o LP "Para o Que Olha Sem Ver", título escolhido em homenagem a Atahualpa Yupanqui, autor da música com o mesmo nome, que foi interpretada pelo Noel no disco. De João Sampaio gravou quatro músicas, consolidando a parceria.
Em 1983 quando morava em Itaqui, escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento com o descaso dos órgãos públicos para com a classe dos artistas que gravavam discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1984 fixou residência em Santa Maria , local onde morou até o dia de sua morte. Nessa cidade fez contrato com uma produtora para realizar uma série de espetáculos na região centro do Estado. Também foi nesse ano que a gravadora RGE lançou o LP "O Melhor de Noel Guarany" e que foi reeditado o LP "Payador, Pampa e Guitarra".
Em 1985 se retirou dos palcos, atitude coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em 1983.
Em 1988 gravou com Jorge Guedes e João Máximo, parceiros de São Luiz Gonzaga, o LP "A Volta do Missioneiro". Nesse ano também gravou com Jaime Caetano Braum, Pedro Ortaça e Cenair Maicá o LP "Troncos Missioneiros". Nesse disco já se pode notar que a doença estava afetando o seu registro vocal, pois o vigor e a clareza de outros tempos já não era os mesmos. Nesse ano foi relançado o LP "De Pulperias".
Nos anos seguintes Noel permaneceu recolhido em seu auto exílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o Estado, os colegas artistas e os amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma via-crucis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa em um mousoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.

42ª Festa Campeira, Artística e Cultural de Guaíba no C.T.G. Gomes Jardim

O convite esta feito meus amigos e amigas, venham para essa grande festa do CTG Gomes Jardim. De 07 a 10 de outubro, no berço da nossa República. Guaíba te espera de braços abertos.
Confira a programação:

09 de outubro (sábado)

- 09:30 - Concurso de "Mais Prendada Prenda e Peão Farroupilha", Mirim Juvenil e Adulto;
- 10:00 - "Declamação", Prenda e Peão, Mirim Juvenil e Adulto;
- 14:00 - "Interprete Vogal", Prenda e Peão, Mirim Juvenil e Adulto;
- 16:00 - "Dança de Par", Mirim Juvenil e Adulto;
- 18:30 - "Dança de Salão", Mirim Juvenil e Adulto.

10 de outubro (domingo)

- 09:30 - Início do Concurso de Invernadas.
- Logo após ao término terá a solenidade de entrega das premiações.
Premiações:

- Faixas e crachás, para o concurso de "Maiprendada Prenda e Peão Farroupilha";
- Troféus para as individuais;
- Invernadas:
- 1° Lugar Mirim= R$300,00 + Troféu;
- 2° Lugar Mirim= R$200,00 + Troféu;
- 3° Lugar Mirim= R$100,00 + Troféu;
- 1° Lugar Juvenil= R$500,00 + Troféu;
- 2° Lugar Juvenil= R$300,00 + Troféu;
- 3° Lugar Juvenil= R$150,00 + Troféu;
- 1° Lugar Adulta= R$700,00 + Troféu;
- 2° Lugar Adulta= R$300,00 + Troféu;
- 3° Lugar Adults= R$200,00 + Troféu.

- Melhor Entrada/Saída:
- Mirim= 1 Troféu;
- Juvenil= 1 Troféu;
- Adulta= 1 Troféu;
- Melhor Torcida= 1 Troféu;
- Melhor Acampamento= 1 Troféu;
- Maior n° de Participantes= R$200,00 + 1 Troféu.

Inscrições e Informações:
-(51) 980-988-66 (51) 970-140-30
Ou pelo Site:
Informaçoes sobre a "Campeira":
- (51) 998-344-55 (51) 998-188-49
- Rua Santa Maria.
- N°: 2050. - Guaíba/RS.
- C.E.P.: 92500-000
- Fone: (51) 3480-44-70.
-E-MAIL: ctggomes@yahoo.com.br
Lema do C.T.G. Gomes Jardim: "Votando um amor supremo, ao Rio Grande, antes de tudo"!!!

1 de out. de 2010

Velhas lembranças nos retratos

Família Flores - década de 1930 - em uma caçada em São Pedro do Sul.


Mas é como se meus

Olhos enxergassem novamente..

Perfis medievais,

que terceavam embates
pelas arenas das mangueiras
e pelados de rodeio...
Que emolduravam-se pelos quadros das porteiras,
com florões de estampa...
...Não povoam mais do que
pálidos e arcaicos retratos,
prisioneiros das paredes...
condenados pelo esquecimento...

... Os cernes perenes de cada esteio,
são mudas testemunhas a vigiar
almas que vagueiam pelo ermo em forma de pó,
a transcender as frinchas
de onde o sol espia com olhar ruano
de ascender o dia...
...As pedras grandes de assoalho,
ainda guardam marcas de cascos,
riscos de cornaços e máculas de sangue
d’alguma sutura barbaresca
feita por instintivas mãos campechanas...

Mas resta uma pergunta que não cala...
Pra onde foram???

Glaucus Saraiva - Biografia

Glaucus Saraiva (de óculos) numa reunião do MTG em Cruz Alta.

Glaucus Saraiva da Fonseca nasceu em São Jerônimo, em 24 de dezembro de 1921, e morreu em Porto Alegre, num 17 de julho de 1983, Glaucus Saraiva, também conhecido como Glauco Saraiva, foi um poeta crioulo, tradicionalista, folclorista, historiador, professor, pesquisador, escritor, conferencista, músico, e compositor. É personagem importante do tradicionalismo gaúcho.

Era filho de Álvaro Saraiva da Fonseca e Maria Luiza Saraiva da Fonseca, o filho mais novo de uma família tradicional gaúcha. Teve 07 (sete) irmãos: Agamenon Saraiva da Fonseca, Demóstenes Saraiva da Fonseca, Marcos Vinicius Saraiva da Fonseca, Petronius Saraiva da Fonseca, Ligia Saraiva da Fonseca, Semíramis Saraiva da Fonseca, Semita Saraiva da Fonseca. Deixou uma filha: Maria Luiza Saraiva Soares.

Foi sócio fundador da Estância da Poesia Crioula e do 35 Centro de Tradições Gaúchas, do qual foi o primeiro patrão. Idealizou e tornou realidade o IGTF - Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, órgão vinculado a Secretária de Estado da Cultura, instituído pelo Decreto n.º 23.613, de 27 de dezembro de 1974, tendo sido seu primeiro diretor técnico, e o Parque Histórico General Bento Gonçalves da Silva, na Estância do Cristal, em Camaquã, e o Galpão Crioulo do Palácio Pirati, que pelo Decreto Estadual nº 31.204, de 1º de agosto de 1983, passou a chamar-se Galpão Gaúcho Glaucus Saraiva

Foi professor de folclore do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Música Palestrina, professor no Curso de Extensão Universitária da PUC (Folclore na Educação) e no SENAC (Culinária Gauchesca e Usos e Costumes do Sul), e conferencista internacional sobre folclore. Presidiu três congressos tradicionalistas: em Santa Vitória do Palmar (1973), Pelotas (1975) e Passo Fundo (1977). Desenvolveu, também, profunda pesquisa sobre os brinquedos tradicionais das crianças gaúchas, promovendo exposições e publicações a este respeito. Formulou a Carta de Princípios do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho, o mais importante documento para a fixação da ideologia e dos compromissos tradicionalistas, aprovada no 8º Congresso Tradicionalista, em julho de 1961 em Taquara - RS. Autor da nomenclatura simbólica do tradicionalismo.

Publicou ainda os ensaios “Manual do Tradicionalista” e “Catálogo da Mostra de Folclore Juvenil”. Foi vocalista dos conjuntos “Os Gaudérios” e “Quitandinha Serenaders” entre 1950 e 1955, além de atuar na Rádio Farroupilha e Rádio Nacional do Rio de Janeiro, de 1948 a 1955. Mas sua ligação com a música foi ainda mais profunda: Cigarro de Palha, Porongo Velho, Tropereada, O Rum é a Gente que Abre, Casa Grande de Estância (com Luiz Telles), entre outras. Seu poema mais conhecido é chimarrão.

Alegrete - III Capital Farroupilha

No dia 15 de julho do ano de 1842 os farroupilhas instalam sua capital em Alegrete.
Alegrete, 100 anos após ser capital farroupilha - foto Stop

Todo alegretense sabe que Alegrete foi Capital Farroupilha. Resgatar algumas passagens deste período é a modesta intenção deste breve texto. Aqui em Alegrete, além de concentrar os órgãos e pessoal do governo revolucionário, ocorreram fatos importantes no destino da Revolução,como a prisão do Presidente da Província, a Primeira Assembléia Constituinte Republicana do Brasil e a morte do vice-presidente da República Rio-Grandense, entre outros.

Quando estourou o movimento armado dos liberais gaúchos, em 20 de setembro de 1835,fazia um ano que Alegrete havia tornado-se independente politicamente, com status de Vila. A câmara de Alegrete, por sua vez, não aderiu ao movimento. A República Rio-Grandense foi proclamada por Antônio de Souza Neto no dia 11 de setembro de 1836. A Câmara Municipal de Alegrete aderiu a causa farroupilha em sessão legislativa, do dia 26 de junho de 1837.

Em julho de 1842, os farroupilhas resolveram mudar a Capital da República para a vila de Alegrete. Uma leva de carretas bem equipadas conduziram armamentos, munição, material de escritório, documentos, tipografia e jornais, além dos contingentes militares que mantinha a segurança do Palácio do Governo. Em Alegrete permaneceu a capital até junho de 1843.

Alegrete: Capital da República Rio-Grandense.
Por Anderson Romário Pereira Corrêa.
Texto publicado no Jornal Diário de Alegrete; Ano IX;
Nº 1486; 17 e 18 de setembro de 2005; p.06.